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Um cruzeiro que começou com um tufão

Aqui estamos, acabamos de voltar. A cabeça está uma confusão de emoções, impressões, rostos e paisagens, e as pernas ainda balançam, como se o convés não quisesse nos soltar. Sem forças - zero, mas por dentro uma estranha vivacidade. É como se tivesse sobrevivido a uma tempestade, limpado o rosto e percebido - valeu a pena.

Engraçado, mas cada uma de nossas viagens começa não com malas, mas com um simples "vamos só dar uma olhada...". E é isso. A partir desse "olhada" cresce um roteiro inteiro com nervos, chats, mapas, tabelas e intermináveis "e se". Foi assim desta vez também.

Um dia, o Japão para mim era como outro planeta. Minha filha sempre foi fascinada por ele desde a infância: doramas, quimonos, idioma, músicas, tudo. Eu balançava a cabeça e pensava - vai passar. Não passou. Pelo contrário, me envolveu também. Assistimos juntos a alguns seriados - e aí começou.

Percebi que para eles não é apenas cinema, é toda uma filosofia: tudo calmo, preciso, com um toque, sem barulho, mas que atinge diretamente o coração. E em algum lugar no fundo me peguei pensando - seria interessante ver como tudo isso é na realidade.

Foi então. Uma noite, por pura curiosidade, abri um site de cruzeiros. Clicava nos itinerários, sem muitas esperanças. E de repente - Ásia, pura Ásia! Japão, Coreia, e Singapura por último.
Meu coração disparou, minhas mãos coçaram. Comecei a ler avaliações, a ver o navio, as cabines. Depois de alguns dias, percebi que resistir era inútil. Reservei. Depois, é claro, mudei de ideia e mudei a reserva - clássico. Queria que não fosse apenas "na cabine com janela", mas "humano" - com banheira, com varanda, para poder sentar à noite, olhando o mar e pensando na vida.

Depois veio a preparação. Isso é um esporte à parte. Fóruns, esquemas, tabelas. No Japão, o transporte não é apenas complicado - parece que foi criado para testar sua paciência. Cada metrô tem seu dono, cada linha tem seu humor. Parecia que eu estava me preparando para uma missão em Marte, não para férias.

Com os bilhetes foi uma jornada engraçada também. Queria chegar sem estar exausto, sem escalas noturnas, sem voos de dez horas seguidas. Revisei todos - desde os catarianos até os chineses. Os preços flutuavam como um tambor de rua, mas no final deu sorte. Encontrei um itinerário decente, não muito caro e sem tormentos. Quando recebi a confirmação, honestamente, abri uma garrafa de vinho. Celebramos a vitória.

Depois tudo seguiu conforme o planejado, até que um dia chegou a notícia: a empresa começou a apertar as restrições de embarque para os russos. Fiquei chocado. Já tínhamos planejado tudo, comprado tudo, e de repente - "talvez não nos deixem entrar". Primeiro tentei encontrar soluções alternativas, depois desisti e comecei a procurar uma opção de backup. Encontrei outro cruzeiro, não tão grandioso, mas com alma. E, como descobri depois, foi a decisão certa. Às vezes o destino simplesmente te empurra para onde você realmente precisa estar.

E então o tempo começou a agir. Foi aí que os nervos ficaram brancos. Uma semana antes da partida, um tufão começou a se formar no oceano, e, é claro, em direção ao Japão. Eu verificava os prognósticos todos os dias, como alguém verifica apostas. Primeiro parecia que ia passar longe, depois mudou de direção. Perdi o sono, até sonhei que não conseguimos, tudo foi cancelado, as malas partiram sem nós. Acordava suando e abria novamente o mapa dos ventos. No final o tufão virou para longe, mas naquele momento eu já tinha envelhecido alguns anos.

Quando finalmente partimos, me senti como antes de um exame. Cochilei no trem, pensando no mar, no navio, no cheiro de sal e que se houvesse mais uma surpresa, eu iria para a taiga.
A viagem de avião foi surpreendentemente tranquila. Comida saborosa, voo suave. Em Pequim, na escala - silêncio, como se alguém tivesse desligado o mundo. O aeroporto parecia saído de um filme de ficção científica: tudo limpo, iluminado e sem um grito sequer. Depois de nossas estações de trem, parecia que tinha entrado em uma biblioteca.

Minha filha e eu passamos pelo controle, tiramos os sapatos, colocamos os telefones, carregadores, miudezas em caixas. Tudo educado, calmo. Depois nos encontramos em uma sala com um jardim, uma fonte e um enorme coração formado pelas palavras "Amor" em diferentes idiomas. Foi ali que respirei pela primeira vez. Ficamos em pé, em silêncio, apenas olhando.

E então - Japão. O verdadeiro. Nenhum som desnecessário, nenhuma correria. Tudo funcionando, todos sorrindo, até o ar parecia sussurrar "bem-vindo". Ficamos na janela, olhando para a montanha distante, que por um momento pareceu sair das nuvens, e eu percebi que todos os nervos, preocupações e noites sem dormir valeram a pena por isso.

Haverá continuação com certeza. Mas não hoje. Agora só quero sentar em silêncio, servir algo gelado para mim e finalmente sentir que tudo isso foi real.
Estou cansado. Depois eu conto.

Victor
Há 1 dia
Sim, a sua viagem parece ser desafiadora! :emoji-cem: Mas visitar a Ásia, é um sonho! :emoji-estrela: